Hortas (peri)urbanas em Lisboa e Londres (2009-2010)


Instituições proponentes | Development Planning Unit da University College London e a Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL)
Parceiros | Associação de Melhoramentos e Recreativo do Talude

Investigadores responsáveis | Yves Cabannes (planeador urbano e ativista) e Isabel Raposo (arquiteta-urbanista)
Outros investigadores | Robert Biel (Specialising in international political economy), Ademar Machado (arquiteto-urbanista), Jorge Cancela (arquiteto paisagista), Jeffrey Stottlemyer (history and political science), Juliana Torquato (socióloga), Melissa Lamarca (ecological economics), Sílvia Jorge (arquiteta-urbanista)

Financiamento |
Data de início | Dezembro de 2009
Data de conclusão | Março de 2010

Resumo
Este projeto, realizado no quadro das Ações Integradas Luso-Britânicas, procurou delinear algumas lições e conclusões preliminares da comparação das práticas em agricultura urbana em Lisboa e Londres, e identificar a contribuição das hortas (peri)urbanas na qualificação ambiental (em particular através do enriquecimento da bio-diversidade urbana) e da inclusão social (em particular da população (i)migrante).
A temática da agricultura (peri)urbana tem vindo a ganhar uma atenção crescente em cidades europeias por parte das organizações cívicas, dos governos locais e das organizações internacionais, pelas suas componentes socioeconómica, cultural e patrimonial, de promoção do bem-estar e da saúde e de requalificação ambiental e paisagística. No tecido urbano e peri-urbano de duas importantes capitais europeias, Lisboa e Londres, persistem ou reestruturam-se práticas agrícolas, sobretudo hortícolas, para auto-consumo ou/e para venda, em pequenas parcelas contíguas à habitação, logradouros e quintais, ou em terrenos expectantes ou espaços residuais não destinados a esta ocupação, como taludes ou zonas de proteção de auto-estradas, terrenos públicos ou privados, ocupadas clandestinamente ou por cedência. Esta agricultura urbana e peri-urbana familiar tem sido explorada, sobretudo, por urbanos nacionais ou imigrantes de primeira geração, em particular oriundos de países africanos de língua oficial portuguesa no caso de Lisboa, e de um leque mais amplo, incluindo população de origem portuguesa, no caso de Londres.
Na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, um projeto de investigação em curso coordenado pela Professora Doutora Isabel Raposo, sobre o Bairro do Alto da Cova da Moura, situado na fronteira entre o município da Amadora e o de Lisboa, revela a importância destes espaços de cultivo informais para a subsistência familiar, socioeconómica e cultural, de uma comunidade imigrante de origem cabo-verdiana. Outro projeto de investigação “Reconversão e reinserção urbana de bairros de génese ilegal”, coordenado pela Professora Doutora Isabel Raposo, tem revelado a importância das hortas peri-urbanas neste contexto.
Pela sua relevância, considerou-se pertinente aprofundar o tema da agricultura urbana nos bairros de génese ilegal na Área Metropolitana de Lisboa, nos casos de estudos identificados como pertinentes (2 municípios periféricos e o município de Lisboa) e através da revisão da bibliografia sobre o tema. Foram exploradas questões relativas a: localização das hortas urbanas, propriedade e tipo de ocupação, dimensões, tempo de cultivo, diversidade de culturas, produção para consumo ou venda, qualificação ambiental, bio-diversidade rendimentos familiares, saúde e bem-estar, caracterização dos grupos sociais ligados à prática da agricultura urbana (famílias e indivíduos), grupos etários, género, imigrantes, sociabilidades, inclusão urbana. Foram ainda identificados programas, instrumentos e ações, públicas e cívicas, visando o levantamento da situação, a sua qualificação ou promoção, os recursos disponibilizados e os resultados obtido ao nível da qualidade de vida e do ambiente.
No Development Planning Unit, da University College London, realizou-se, sob coordenação do Professor Doutor Yves Cabannes e do Professor Doutor Robert Biel, em Brixton, um projeto de investigação e desenvolvimento em agricultura urbana. Um dos seus principais objectivos foi mapear as parcelas de cultivo potenciais. O projeto foi desenvolvido em cooperação com o projeto Abundance, em Brixton, um dos distritos populares de Londres, de tradição multi étnica (população do Caribe em particular).
A partir das pesquisas realizadas nas duas universidades relativas a Lisboa e Londres, pretendeu-se: (1) interpretar e delinear elementos de comparação entre os dados recolhidos nas duas investigações em curso; (2) discutir os conteúdos bibliográficos sobre agricultura (peri)urbana nas duas cidades; (3) identificar a contribuição das hortas urbanas para a qualificação da biodiversidade urbana e humana numa perspectiva de sustentabilidade e inclusão; (4) integrar jovens investigadores na reflexão sobre o tema; (5) organizar um workshop de apresentação, discussão e divulgação dos resultados das pesquisas na Faculdade de Arquitetura; (6) organizar um encontro de discussão científica na Development Planning Unit, da University College London para discussão de hipóteses de trabalho para pesquisas futuras ao nível europeu (em algumas cidades europeias).

palavras-chave | agricultura urbana, hortas (peri)urbanas, inclusão social, bio-diversidade urbana